Falar bem não chega

Publicado por João em 25-09-25 1:00

Confunde-se demasiado competência com saber falar bem.

Eu sei como funciona — falo fluentemente cinco línguas e arranho mais um par, o que me tem ajudado a navegar trabalhos entre três continentes.
É útil, claro: falar bem facilita persuadir, negociar, abrir portas.
Mas persuasão não é competência.

A capacidade de falar bonito não substitui o saber fazer.
E, no caso de quem gere equipas, orçamentos ou políticas, pode até mascarar a falta de substância.


O gestor que fala demais

Tenho-o visto de perto: gestores de projeto que são vendedores natos, hábeis em reuniões, afáveis, donos de discursos impecáveis.

Descrevem planos de ação com rigor aparente, prometem metas antecipadas, demonstram empatia.

Mas, quando regressam à sua “toca”, desaparecem.

Não alinham comunicação dentro nem fora da equipa.
Não estudam o detalhe técnico onde as decisões se jogam.
Não dão orientações claras.
Lideram por frases de efeito — não por método.

O resultado é previsível: descoordenação, falhas, desculpas.
Nunca ouviram falar de gestão proativa de risco, balanceamento de recursos ou planeamento realista.
Mas têm lábia.
E lábia, no mundo certo, chega para sobreviver — não para construir.


Política e substância

Com a política passa-se o mesmo.
E com quem tem responsabilidades executivas, ainda mais.

Por isso voto em João Ferreira, que conheço há mais de quarenta anos.
Não sabe apenas falar bem — sabe ouvir.

Fala com toda a gente, literalmente, para formar opinião.
Recordo-me de, antes da sua primeira campanha à Câmara de Lisboa, conversarmos sobre mobilidade — quando os modos ativos ainda eram miragem.
Eu militava na @MUBi, e ele quis ouvir quem estudava o tema: pediu contactos, quis aprender, compreender o que movia quem lutava por cidades mais habitáveis.

Ouviu.
E ouviram-no.
As medidas pró-bicicletas que surgiram nos programas seguintes mostram isso: aprendizagem transformada em ação.


Democracia é isto

Não é para isto que serve a política?
Para ouvir, estudar, decidir com base em conhecimento — não em slogans.

João, contas com o meu voto, cabeça, tronco e membros.